Por Gabriela Macêdo, g1 Goiás


Jovem é internada na UTI após passar mal ao cheirar pimenta em Anápolis, diz namorado — Foto: Arquivo pessoal/Matheus Lopes de Oliveira

Após a trancista Thais Medeiros de Oliveira, de 25 anos, precisar ser internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Anápolis, a 55 km de Goiânia, a família da jovem disse que ela teve uma reação alérgica após cheirar pimenta. Segundo os familiares, ela chegou a precisar ser reanimada. Para entender melhor sobre alergia a pimenta, o g1 falou com a alergista e imunologista Lorena de Castro, que explicou que essa se trata de uma alergia rara.

“Alergia a pimenta é extremamente rara, mas tem relatos na literatura [médica]. Ela entra no que chamamos de especiarias e alguns outros alimentos estão nesse conjunto, como a noz moscada, pimenta preta, da jamaica, canela, especiarias que podem causar algum tipo de alergia”, explicou a médica.

Conforme informações divulgadas pela Santa Casa de Anápolis nesta terça-feira (21), Thais Medeiros continua em estado grave e, apesar de ter tido febre durante a madrugada, teve melhora do quadro respiratório. Ela será submetida a uma avaliação do cérebro após a tomografia mostrar endema cerebral.

LEIA TAMBÉM

Alergia à pimenta

Empresário cultiva pimenta-do-reino em fazenda de Hidrolândia, Goiás — Foto: Reprodução/ TV Anhanguera

Apesar de ser um tipo de alergia raro, há alguns tipos de pimentas que são mais comuns pessoas terem alergia. Entre elas a pimenta-preta, também conhecida como pimenta-do-reino. A médica ainda cita a pimenta malagueta e a pimenta-da-jamaica. Além da pimenta, especiarias que a alergista menciona como comuns de despertarem alergias são o curry e a noz moscada.

Como as pimentas vêm de plantas, os componentes alérgicos são derivados das proteínas vegetais destes alimentos.

“Neste caso, é importante a detecção da alergia para evitar o risco de reação cruzada com outros tipos de alimentos vegetais”, explicou a médica.

Como funcionam as reações alérgicas?

Alergia/urticária — Foto: Getty Images via BBC

As reações alérgicas, segundo a médica, podem se manifestar de duas formas:

Local

É a reação mais leve, que se manifesta em locais específicos;

  • Sintomas: formigamentos na língua, alergia perioral, que são “erupções” no rosto, como “bolinhas” ao redor da boca, tosse, coriza, entre outros.

Anafilaxia

É a reação alérgica grave aguda, que pode acontecer de forma imediata ou algumas horas após o contato da pessoa com algum componente que ela seja alérgica, como a pimenta.

  • Sintomas: Ela ocorre quando acontece o comprometimento simultâneo de mais de um sistema (cardiovascular, respiratório, pele, gastrointestinal, entre outros), apresentando uma combinação de sintomas;
    Como exemplo, quando a pessoa apresenta inchaços e problemas respiratórios, inchaços e problemas gastrointestinais, como vômitos, dores abdominais e diarréia, coceira e problemas respiratórios, entre outras combinações.
    Também pode ocorrer quando apenas um sistema do corpo é comprometido, mas de forma grave, como um edema de glote, que é quando a pessoa tem o inchaço na garganta.

A anafilaxia pode ser gerada de duas formas:

- Pela reação dos anticorpos do organismo contra esses alimentos;
- Podem ser “imunomediadas”, quando o organismo forma um anticorpo específico contra uma proteína Alergenic ou não imunomediadas em uma reação anafilactóide, alguns alimentos têm a capacidade de “imitar” uma reação alérgica, liberando citocinas que fazem vasodilatação, gerando inchaços, tendo tosse;

A médica explica que a anafilaxia, que é a reação alérgica aguda grave, pode levar a um choque anafilático, que é o colapso do sistema cardiovascular da pessoa.

“A anafilaxia pode ter diversas causas. Entre elas, os alimentos”

A alergista ainda explicou que os sintomas apresentados com a reação alérgica dependem do organismo de cada pessoa e que fatores de risco podem fazer com que a sensibilidade do corpo para as reações alérgicas sejam maiores.

"Muitas vezes não é possivel o socorro pela velocidade que essas reações acontecem, mas é preciso ir à emergência e explicar a possivel reação alérgica para que o médico possa fazer os primeiros socorros", detalha.

Ela ainda explica que alguns casos de anafilaxia evoluem para parada cardiorespiratória, precisando de ressucitação ou massagem cardíaca. Outros, como quando a garganta da pessoa incha, os médicos acabam precisando fazer uma traqueostomia, abrindo a traquéia do paciente, para que ele consiga respirar.

O que fazer quando tiver uma reação alérgica?

A alergista e imunologista recomenda que, as pessoas que já têm conhecimento sobre as alergias que possuem, precisam ter um “plano de ação orientado pelo médico alergista que ela fizer acompanhamento”.

Nos casos mais leves. que causam reação alérgica envolvendo apenas um sistema do oraganismo, como apenas alguma coceira, a pessoa deve ter com ela algum tipo de antialérgico. Já nos casos mais graves, que envolvem dois ou mais sistemas do corpo, a pessoa deve carregar uma caneta de adrenalina autoinjetável, que deve ser indicada pelo médico e aplicada o mais rápido possível.

Já quando a pessoa não souber que tem determinada alergia, é preciso ficar atento aos sintomas para que seja possível buscar o médico, quando necessário.

“Se ela não souber e tiver uma reação, ela não vai ter nada com ela no momento, então vai precisar, imediatamente, procurar uma emergência para ser medicada o mais breve possível”, explicou.

Veja outras notícias da região no g1 Goiás.

VÍDEOS: últimas notícias de Goiás

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!