Tipo mais comum de câncer ao redor do mundo, o câncer de pele é responsável por 33% dos diagnósticos no Brasil ,de acordo com dados da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia). Associado a ele, está uma outra condição, pouco falada, mas que merece atenção: o câncer de lábio.
Também relacionado ao câncer de boca, a doença que afeta normalmente a parte inferior dos lábios é causada, principalmente, por fatores como a exposição ao sol, tabagismo e ingestão de bebidas alcoólicas.
A informação é da dermatologista Adma Lima, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia. Segundo ela, por ser um tipo mais raro, as pessoas descuidam com a proteção dos lábios ao sol, a qual deve ser contínua. “O câncer de lábio pode, e deve, ser prevenido”, reforça a dermatologista.
Para entender melhor sobre a doença, ela explicou que existem alguns tipos mais comuns de câncer:
- Carcinoma basocelular, que corresponde a aproximadamente 70% dos casos;
- Carcinoma espinocelular, que representa 25% dos casos;
- Melanoma, em torno de 4%;
- Outros canceres, mais raros, que corresponde a cerca de 1% dos casos.
“O câncer de lábios é classificado como um tipo especial da doença, junto aos tumores da cavidade oral, sendo este grupo denominado câncer de boca”, detalha Adma. Além dos lábios, essa doença pode acometer a gengiva, bochecha, céu da boca, língua e a região embaixo da língua.
Conforme dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer), o câncer de boca é mais comum em homens do que em mulheres. O número de novos casos, ou seja, a incidência, foi de 15,1 mil pessoas em 2022, dos quais 10,9 mil eram homens e 4,2 mil mulheres.
Na boca, especificamente, o carcinoma espinocelular é o mais comum, sendo responsável por mais de 90% dos casos.
Quais as principais causas do câncer de lábios?
De acordo com Adma, a principal causa dos cânceres de boca é o tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas. “O número de casos em fumantes chega a ser o dobro ou o triplo daqueles que não fumam”, ressalta.
Especificamente, o câncer de lábios também está associado à exposição solar crônica. A dermatologista lembra que características genéticas (pele e olhos claros), sobrepeso, doenças que causam diminuição da imunidade e infecções por alguns tipos de vírus, como o HPV, também podem contribuir para o desenvolvimento de tumores.
Como identificar e quais são os sinais de alerta?
“Essa doença pode ser agressiva e estar relacionada a metástases no organismo (quando as células cancerígenas se espalham pelo corpo). Por conta disso, é tão importante o diagnóstico precoce e tratamento adequado”, declarou Adma.
Ela reforça que, quanto mais precoce o diagnóstico, maiores as chances de cura. Além disso, para identificar a doença, é necessário ficar atento a manchas ou feridas que surgem nos lábios e não cicatrizam. Ainda, se ferida começar a sangrar ou a crescer.
O que fazer para prevenir o câncer de lábios?
Conforme Adma Lima, é fundamental é fundamental usar filtros solares com FPS (Fator de Proteção Solar, que confere a proteção contra a radiação Ultravioleta B) acima de 30 e com proteção contra a radiação UVA (Ultravioleta A) de no mínimo 1/3 do FPS.
Da mesma forma, é necessário usar os filtros solares labiais, que “devem ser reaplicados várias vezes ao longo do dia por conta da mobilização e toque nos lábios, saliva e alimentação”, o que faz o produto ser removido com facilidade do local. Ela destacou algumas dicas universais para proteção contra os cânceres de pele:
- Evitar exposição solar no horário entre as 10h e 16h;
- Utilizar protetor solar labial várias vezes ao dia;
- Não fumar;
- Evitar o consumo de bebidas alcoólicas;
- Manter o peso corporal adequado;
- Manter boa higiene bucal;
- Usar preservativo (camisinha) na prática do sexo oral.
Além dos fatores mencionados acima, segundo Adma, a Sociedade Brasileira de Dermatologia recomenda:
- Usar chapéus, camisetas, óculos escuros e protetores solares;
- Cobrir as áreas do corpo expostas ao sol com roupas apropriadas, como uma camisa de manga comprida, calças e um chapéu de abas largas;
- Na praia ou na piscina, usar barracas feitas de algodão ou lona, que absorvem 50% da radiação ultravioleta. As barracas de nylon formam uma barreira pouco confiável, deixando 95% dos raios UV passarem pelo material;
- Usar filtros solares diariamente, e não somente em horários de lazer ou de diversão. Reaplicar o produto a cada duas horas ou menos, nas atividades de lazer ao ar livre. Ao utilizar o produto no dia a dia, aplicar uma boa quantidade pela manhã e reaplicar antes de sair para o almoço;
- Observar regularmente a própria pele, à procura de pintas ou manchas suspeitas;
- Manter bebês e crianças protegidos do sol. Filtros solares podem ser usados a partir dos seis meses de idade;
- Consultar um dermatologista uma vez ao ano, no mínimo, para um exame completo.