• Juliana Malacarne
Atualizado em
Asafe antes de ser internado (Foto: Arquivo pessoal)

Asafe antes de ser internado (Foto: Arquivo pessoal)

Depois de se assustar com o diagnóstico de celulite ocular ao notar um inchaço no olho esquerdo do filho Asafe, de três anos, a técnica jurídica Patrícia Barros, de Beruri, Amazonas, utilizou as redes sociais para fazer um alerta a outras mães sobre a doença perigosa e pouco conhecida. A postagem com o relato do caso e fotos do menino durante o tratamento foi publicada pela primeira vez no dia 6 de julho e já teve mais de 64 mil compartilhamentos.

Em entrevista à Crescer, Patrícia conta que notou pela primeira vez um pequeno inchaço no olho do filho na quinta, dia 10 de maio, pela manhã. “O Asafe nasceu com o canal lacrimal do olho esquerdo obstruído e havia feito recentemente uma cirurgia para corrigir o problema. Achei que poderia ter algo a ver com isso e fiz compressas acreditando que ia passar. No dia seguinte, quando fui acordá-lo, me assustei porque o inchaço havia crescido muito e a pele ao redor do olho começou a ficar vermelha”, conta.

No sábado, o olho esquerdo do menino estava completamente fechado por causa do inchaço. Na cidade de Beruri, que tem cerca de 14 mil habitantes, não há oftalmologistas, então a família decidiu no domingo fazer a viagem fluvial de 3 horas até Manaus, onde o garoto foi atendido por um especialista. “O médico fez o exame, diagnosticou a celulite orbital e o Asafe foi internado imediatamente para tomar os antibióticos”, conta.

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O menino ficou oito dias internado tomando medicação endovenosa. “No caso do Asafe, os médicos disseram que uma sinusite que ele teve e não foi tratada corretamente, contribuiu para o acúmulo de secreção nos tecidos e a proliferação da bactéria que causou a celulite facial. Eles alertaram que era um quadro bem delicado, porque, por estar no rosto, havia o risco de a bactéria migrar para o cérebro, mas, felizmente, ele se recuperou bem e sem sequelas”, afirma Patrícia.

No terceiro dia de internação, a bolsa de secreção que se formou embaixo do olho do menino, estourou espontaneamente, e o pus começou a ser drenado. Asafe foi liberado para voltar para casa em 19 de maio, oito dias após o início do tratamento. O inchaço, porém, só desapareceu completamente uma semana depois de o menino deixar o hospital. “O Asafe é um guerreiro e foi muito forte. Pedia para ele dormir para passar a dor e ele seguia meu conselho”, diz Patrícia. “Escrevi o post porque foram dias difíceis e de medo e quero alertar outras mães para que, se notarem que o olho do filho está inchado, procurem um especialista. Os médicos disseram que se não tivéssemos levado nosso filho para Manaus no domingo, nosso caso não teria tido um final feliz”.

Asafe nos primeiros dias de internação  (Foto: Arquivo pessoal)

Asafe nos primeiros dias de internação (Foto: Arquivo pessoal)

Antes e depois da bolsa de secreção estourar (Foto: Arquivo pessoal)

Antes e depois da bolsa de secreção estourar (Foto: Arquivo pessoal)

Asafe se recuperou sem sequelas. A única marca que restou da celulite orbital é uma pequena cicatriz embaixo do olho esquerdo (Foto: Arquivo pessoal)

Asafe se recuperou sem sequelas. A única marca que restou da celulite orbital é uma pequena cicatriz embaixo do olho esquerdo (Foto: Arquivo pessoal)

MAIS SOBRE CELULITE ORBITAL
A celulite orbital, de acordo com Cassia Amaral, pediatra e professora da Universidade Anhembi Morumbi (SP); e Marcia Regina Monteiro, dermatologista e autora do Manual de Urgências e Emergências em Pediatria, do Hospital Infantil Sabará (SP), é um tipo de celulite facial que afeta o entorno dos olhos. É uma infecção profunda do tecido cutâneo de origem bacteriana (geralmente causada pelo Streptococcus B, hemolítico do Grupo A). Apesar de a doença afetar crianças em diversas idades, bebês de 0 a 2 anos são mais suscetíveis, pois ainda não têm o sistema imunológico maduro e possuem pele mais fina que a dos adultos, o que aumenta a chance de formar machucados e feridas, portas de entrada para esses micro-organismos.

Qualquer ferida na face pode acarretar em infecção bacteriana, uma vez que, se a criança passar a mão no local ou coçar, há risco de a bactéria se instalar aí. Dermatites (alergias na pele), picadas de insetos e machucados decorrentes de quedas estão entre as portas de entrada mais comuns da celulite facial. Outro fator que pode levar à celulite facial, como no caso de Asafe, é uma sinusite que não foi tratada corretamente.

A prevenção está ligada à higiene das crianças. Por isso, é preciso orientá-las desde cedo a ter alguns cuidados, como lavar as mãos após brincar no parquinho, depois de usar o banheiro e antes das refeições. Outro ponto essencial é tratar bem das feridas que surgirem para que elas não se tornem a porta de entrada de infecções. O melhor é lavá-las sempre com água e sabão neutro. Caso a ferida não cicatrize, inche ou fique avermelhada, leve a criança ao médico.

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