Search
Close this search box.

Radiologia do Abdome: como é feita e quando é indicada?

Índice

Este material tem objetivo de introduzir a Radiologia do Abdome, por meio da demonstração dos métodos utilizados e de seus achados sugestivos.

Nessa primeira parte do material, iremos focar nas particularidades da Radiologia do Abdome, abordando suas aplicações para diagnóstico e acompanhamento. Em sequência, abordaremos a tomografia computadorizada e seguiremos com alguns achados típicos de certas patologias.

Boa leitura!

A Radiologia do Abdome

A Radiologia do Abdome é um exame que não propicia a melhor sensibilidade ou especificidade dentro do arsenal de exames de imagem que dispomos atualmente.

No entanto, por se tratar de um exame de alta disponibilidade e de baixo custo, deve-se entender os sinais presentes nesse exame para definir condutas na abordagem ao paciente.

O exame de radiografia é feito utilizando radiação ionizante, que é emitida em direção a região a ser examinada, atravessando o alvo e deixando uma impressão na chapa radiográfica contraposta à fonte emissora de radiação.

Cada estrutura corporal tem um nível de absorção de tal radiação, formando imagens em tonalidades diferentes na radiografia. As estruturas que contém maior absorção não permitem a passagem da radiação até a placa de captação, tornando as áreas mais claras; enquanto aquelas que tem menor captação de radiação, permitem a passagem da radiação para placa, tornando-a mais escura.

Neste contexto, a radiografia tem aproximadamente 4 tons que variam do mais radiopaco (que não permite a passagem da radiação), até o mais radiotransparente (que permite a passagem da radiação). Estes tons são divididos em: tons próximos ao ar, mais radiotransparentes; tons próximos a gordura; tons próximos a partes moles; e tons próximos a ossos, mais radiopacos.

Imagem de um Quadro de densidades radiológicas.

Imagem: Quadro de densidades radiológicas. Fonte: Radiologia Básica Lange 2ª ed

Hora da revisão

A cavidade abdominal abriga diversos órgãos dos Sistema Digestório, Sistema Linfático, Sistema Endócrino e Sistema Urinário. Para um entendimento satisfatório da radiografia de abdome, devemos relembrar a localização de algumas dessas estruturas:

Imagem ilustrativa da Anatomia Sistema Digestório.

Imagem: Anatomia Sistema Digestório. Fonte: www.planetabiologia.com

Como pode ser visto nessa ilustração da vista frontal da cavidade abdominal, há grande sobreposição de órgãos na cavidade, de forma que certos órgãos não são visíveis.

Dentre os órgãos visíveis na vista frontal estão: Fígado, superiormente a direita; Estômago, em posição central; Baço, superiormente na extremidade esquerda da cavidade; Intestino Grosso e suas estruturas, situadas perifericamente na cavidade, abaixo dos órgãos supracitados; e Intestino Delgado, emaranhado e alocado centralmente na cavidade.

Dentre os órgãos não visíveis podemos citar: Rins, localizados posteriormente as Flexuras do Colón direito e esquerdo; Pâncreas, alocado profundamente ao Estômago; Glândulas Suprarrenais, alocadas superiormente aos Rins; dentre outros. 

Ordenamento da Radiologia do Abdome

A radiografia de abdome, assim como qualquer método de imagem, apresenta uma sistematização de avaliação, que visa garantir a análise completa de todo exame, sendo composto pelas fases:

  1. Observação da distribuição de gases nas vísceras ocas e na cavidade abdominal;
  2. Avaliação de órgãos sólidos;
  3. Caracterização das estruturas ósseas.

Distribuição dos gases

Para uma melhor avaliação da distribuição dos gases na cavidade abdominal, é importante estar habituado com a distribuição normal dos gases:

Imagem 1 de uma Radiologia do Abdome.Imagem 2 de uma Radiologia do Abdome.

Imagem: Radiologia de Abdome. Fonte: Sanarflix.

Como podemos observar nas radiografias normais acima, a densidade gasosa (radiotransparência) é visível dentro da cavidade abdominal, confinada dentro de alças intestinais, e na cavidade gástrica.

Por conta de sua radiotransparência, o meio gasoso possibilita a visualização das pregas estomacais, haustrações do cólon e do padrão radiológico conhecido como miolo de pão, caracterizado pela mistura das fezes com os gases intestinais. Quando é possível observar a presença de gás localizado externamente às vísceras ocas, se configura o quadro patológico conhecido como pneumoperitôneo.

Avaliação das vísceras

A segunda etapa da avaliação da radiografia simples de abdome é composta pela caracterização de vísceras sólidas, por meio da visualização de suas sombras e de seus limites. Podemos visualizar as sombras dos seguintes órgãos: Fígado, Baço, Rins e Músculo Iliopsoas.

Imagem 1 sobre as Vísceras abdominais.Imagem 2 sobre as Vísceras abdominais.

Imagem: Vísceras abdominais. Fonte: Sanarflix.

Também é possível visualizar, na porção inferior da radiografia, a imagem radiológica da Bexiga, preenchida por líquido.

Imagem 1 de uma Radiologia pélvica evidenciando a bexiga.

Imagem 2 de uma Radiologia pélvica evidenciando a bexiga.Imagem: Radiologia pélvica evidenciando a bexiga. Fonte: Sanarflix.

SE LIGA! Na radiografia simples, é possível observar a linha do Músculo Psoas, delimitada bilateralmente pelos Músculos Iliopsoas. Sua importância se deve ao fato de seu borramento ser um indicativo, ainda que inespecífico, de processos inflamatórios abdominais

Imagem 1 de uma Radiologia dd Abdome evidenciando a linha do psoasImagem 2 de uma Radiologia dd Abdome evidenciando a linha do psoas

Imagem: Radiologia de Abdome evidenciando a linha do psoas. Fonte: Sanarflix.

Estruturas ósseas

O último passo da avaliação de uma radiografia simples é a observação de suas estruturas ósseas, compostas pelos ossos pélvicos: Juntas Sacroilíacas, Ossos Pélvicos, Articulação do Quadril, Ossos Sacro, Cóccix e Fêmur.

A caracterização de tais estruturas é importante em diversos cenários, como no contexto de trauma; assim como, na busca por metástases ósseas e na pesquisa de processos inflamatórios intestinais, como Crohn e retocolite ulcerativa, que costumam conduzir a sacroileíte.

Captura de Tela 2016-11-04 às 16.22.44.png

Imagem: Radiologia pélvica, evidenciando as estruturas. Fonte: Sanarflix.

SAIBA MAIS: Os mecanismos de trauma dos ossos pélvicos são divididos pelo ATLS em 4 categorias de padrão de força: Compressão Lateral, Compressão Anteroposterior, Cisalhamento Vertical e Fraturas Combinadas. Cada um desses padrões de trauma leva a uma conformação óssea diferente:

Imagem: Fraturas Pélvicas. Fonte: ATLS 9ª edição

Calcificações

As calcificações são achados muito frequentes nas radiologias de abdome, visto a facilidade de visualização dessas estruturas no exame. Deve-se ressaltar que ao falarmos sobre a presença de calcificações nas radiografias de abdome, é importante ressaltar que tais achados não são, necessariamente, patológicos.

Existem achados como calcificações costocondrais e flebólitos, que são fisiologicamente encontrados no envelhecimento. As calcificações costocondrais são calcificações normais das cartilagens das costelas, visualizáveis como calcificações lineares; enquanto os flebólitos são calcificações de veias escleróticas, que se apresentam como imagens calcificadas com centro radiotransparente.

Imagem: Calcificações na Radiologia de Abdome. Fonte: Sanarflix.

Como podemos ver nas imagens acima, dentre as estruturas calcificadas, é possível citar os linfonodos calcificados, cálculos biliares calcificados e clipes cirúrgicos deixados após cirurgias.

Imagem: Calcificações. Fonte: Sanarflix.

As calcificações são bastante comuns no sistema urinário, existindo uma grande variedade de patologias que conduzem a formação de tais estruturas.

Dentre elas, podemos cita os cálculos urinários, representados por estruturas calcificadas arredondadas, que podem estar alocadas em qualquer lugar do sistema coletor; além de cálculos coraliformes, estruturas com morfologia semelhante à pelve renal. Ademais, é possível a observação da calcificação típica da nefrocalcinose, que se apresenta como cálculo amorfo infiltrado no parênquima.

Captura de Tela 2016-11-04 às 16.26.32.png

Imagem: Cálculo ureteral. Fonte: Sanarflix.

Captura de Tela 2016-11-04 às 16.26.50.png

Imagem: Cálculos urinários. Fonte: Sanarflix.

Captura de Tela 2016-11-04 às 16.25.45.png

Imagem: Cálculo Coraliforme. Fonte: Sanarflix.

Imagem: Nefrocalcinose. Fonte: Sanarflix.

Ademais, é possível observar nas radiografias órgãos inteiros com padrão de calcificação, como pode ser visto na calcificação de Aorta decorrente da ateromatose do vaso. Tal padrão pode ser visto também na pancreatite crônica, na qual o parênquima pancreático é tomado por calcificações. Além disso, vale destacar a rara presença da calcificação das glândulas suprarrenais, que ocorre em decorrência de diversas patologias, como infecções fúngicas, tuberculose e falência adrenal.

Imagem: Calcificações no trajeto da Aorta abdominal. Fonte: Sanarflix.

Imagem: Calcificações pancreáticas e no trajeto da Aorta abdominal. Fonte: Sanarflix.

Imagem: Calcificações nas Glândulas adrenais. Fonte: Sanarflix.

Sondas

Após a colocação de sondas e cateteres, é comum a realização de radiografias para que haja confirmação do posicionamento correto dos dispositivos. Como é possível observar nas imagens abaixo:

Imagem: Sondas nasoenteral. Fonte: Sanarflix.

Imagem: Sonda ureteral. Fonte: Sanarflix.

Imagem: Filtro de veia cava. Fonte: Sanarflix.

As sondas nasoenterais são utilizadas como uma forma de alimentação parenteral, enquanto o filtro de veia cava inferior serve como profilaxia para tromboembolismo venoso. No que tange ao cateter duplo J, tal dispositivo é colocado para manutenção do fluxo urinário.

Posts relacionados

Compartilhe este artigo:

Você melhor no plantão: minicurso gratuito com experts e certificado!

Artigos relacionados: