Imagine o cérebro como uma grande orquestra, onde cada neurônio é um músico que toca uma sinfonia complexa e harmoniosa. Neste espetáculo biológico, os neurotransmissores são os maestros que regem a comunicação entre os neurônios.

Assim, garante-se o perfeito funcionamento do nosso sistema nervoso e, consequentemente, da nossa saúde física e mental. 

Prepare-se para mergulhar no intrigante universo dos neurotransmissores e descobrir o papel crucial que cada um desempenha na sinfonia do nosso bem-estar!

O que são neurotransmissores?

Neurotransmissores são moléculas produzidas pelos neurônios que facilitam a comunicação entre células nervosas.

Funcionando como mensageiros, eles transportam sinais elétricos de um neurônio a outro, cruzando um espaço chamado fenda sináptica (espaço entre dois neurônios) e interagindo com receptores específicos.

Os neurotransmissores começaram a ser descobertos no início do século XX. Em 1921, o cientista alemão Otto Loewi fez uma descoberta fundamental sobre a comunicação química entre os neurônios. 

Nesse sentido, Loewi realizou experimentos com corações de rãs e demonstrou que a transmissão de impulsos nervosos era mediada por substâncias químicas, que ele chamou de “substâncias transmissoras”.

Mais tarde, em 1929, foi confirmado que uma dessas substâncias era a acetilcolina, um neurotransmissor importante para a comunicação entre os neurônios e os músculos. 

Ao longo do século XX, diversos outros neurotransmissores foram identificados e estudados, expandindo nosso entendimento sobre o funcionamento do sistema nervoso.

Quais funções do corpo os neurotransmissores ajudam a controlar?

Os neurotransmissores desempenham um papel crucial em uma ampla gama de funções corporais, como:

  • Regulação do humor e das emoções;
  • Controle dos movimentos musculares;
  • Processamento cognitivo e aprendizado;
  • Regulação do sono e do apetite;
  • Sensação de dor e prazer;
  • Modulação do sistema imunológico;
  • Controle da pressão arterial;
  • Regulação da temperatura corporal;
  • Manutenção da memória;
  • Controle da respiração;
  • Regulação do metabolismo energético;
  • Modulação do sistema endócrino;
  • Estimulação da secreção de hormônios;
  • Mediação das respostas ao estresse;
  • Facilitação da digestão;
  • Regulação do comportamento sexual;
  • Modulação da percepção sensorial;
  • Coordenação dos reflexos;
  • Participação na neuroplasticidade (desenvolvimento de novas conexões nervosas);
  • Controle da liberação de outros neurotransmissores;
  • Inibição ou excitação de neurônios.

Essas funções são realizadas pela ação de diferentes neurotransmissores que atuam de maneira específica e em conjunto para garantir o equilíbrio do organismo.

Como os neurotransmissores atuam?

Os neurotransmissores atuam ao se ligar a receptores específicos localizados nas membranas das células nervosas pré e pós-sinápticas, ou seja, antes ou depois da fenda sináptica.

Assim sendo, existem três tipos principais de ação dos neurotransmissores:

Ação excitatória

A ação excitatória dos neurotransmissores é fundamental para garantir a comunicação eficiente entre os neurônios. 

Quando um neurotransmissor excitatório se liga aos receptores específicos na membrana do neurônio pós-sináptico, ele provoca uma alteração no potencial elétrico dessa célula, tornando-a mais propensa a gerar um impulso nervoso. 

Esse processo é essencial para a propagação de sinais no sistema nervoso, permitindo a realização de funções como:

  • Movimento;
  • Pensamento;
  • Percepção sensorial. 

Por exemplo, o glutamato  é o principal neurotransmissor excitatório no sistema nervoso central e desempenha um papel crucial em processos de aprendizado e memória.

Ação inibitória

Por outro lado, os neurotransmissores inibitórios atuam como “freios” no sistema nervoso. 

Eles se ligam a receptores específicos no neurônio pós-sináptico, causando uma alteração no potencial elétrico que torna a célula menos propensa a gerar um impulso nervoso. 

Essa ação inibitória é fundamental para manter o equilíbrio do sistema nervoso e prevenir a ocorrência de atividades excessivas ou indesejadas, como convulsões. 

Por exemplo, o ácido gama-aminobutírico (GABA) é um,neurotransmissor inibitório, que atua no sistema nervoso central, ajudando a controlar a ansiedade e o estresse, bem como contribuindo para a regulação do sono.

Ação moduladora

A ação moduladora dos neurotransmissores é um processo mais complexo e sutil em comparação às ações excitatórias e inibitórias. 

Nesse caso, os neurotransmissores atuam ajustando a sensibilidade dos neurônios pré e pós-sinápticos a outros neurotransmissores, em vez de afetar diretamente a geração de impulsos nervosos. 

Assim, essa modulação pode ocorrer por meio da ativação ou inibição de segundos mensageiros que estão dentro das células, os quais, por sua vez, alteram a expressão ou função de outros receptores ou canais iônicos na célula-alvo. 

Por exemplo, a serotonina desempenha um papel modulador importante no sistema nervoso, regulando processos como humor, apetite e sono, e também influenciando a liberação e ação de outros neurotransmissores, como a dopamina e o GABA.

Tipos de neurotransmissores

Existem muitos neurotransmissores diferentes, e cada um desempenha funções específicas no corpo. 

Alguns dos mais conhecidos incluem:

Aminoácidos

Os aminoácidos são os blocos construtores das proteínas e também podem atuar como neurotransmissores no sistema nervoso. 

Entre os aminoácidos com a função de neurotransmissores mais conhecidos estão::

  • Glutamato: o mais importante neurotransmissor excitatório no sistema nervoso central e está envolvido na aprendizagem e na memória;
  • GABA (ácido gama-aminobutírico): o principal neurotransmissor inibitório no cérebro e ajuda a regular o humor, reduzir a ansiedade e promover o sono;
  • Glicina: assim, como o GABA, atua como um neurotransmissor inibitório no sistema nervoso central, contribuindo para a regulação do movimento muscular e da dor.

Monoaminas

As monoaminas são um grupo de neurotransmissores derivados de aminoácidos que incluem:

  • Serotonina: influencia o humor, o apetite, o sono e a regulação da dor;
  • Dopamina: está associada à motivação, ao prazer e à coordenação motora;
  • Histamina: modula a liberação de outros neurotransmissores, está envolvida na resposta imune e na regulação do ciclo sono-vigília;
  • Epinefrina (também conhecida como adrenalina): estimula a resposta ao estresse e está envolvida na regulação da pressão arterial e da frequência cardíaca;
  • Norepinefrina (noradrenalina): ajuda a regular o estado de alerta, a atenção e a resposta ao estresse.

Peptídeos

Os peptídeos são cadeias curtas de aminoácidos que também atuam como neurotransmissores. Alguns peptídeos notáveis são os seguintes:

  • Ocitocina: conhecida como o “hormônio do amor”, está envolvida na formação de laços sociais e afetivos, na reprodução, parto e amamentação;
  • Endorfina: alivia a dor e promove uma sensação de bem-estar e prazer;
  • Substância P: está envolvida na transmissão de sinais de dor para o cérebro.

Purinas

As purinas são moléculas orgânicas que compõem o material genético e também podem exercer função como neurotransmissores, incluindo:

  • Adenosina: atua como um neurotransmissor inibitório e modula a liberação de outros neurotransmissores

Vale destacar que a adenosina está envolvida na produção de energia celular por meio de uma molécula chamada ATP (adenosina trifosfato).

Acetilcolina

A acetilcolina é um neurotransmissor único que tem uma categoria própria, pois atua tanto no sistema nervoso central quanto no periférico.

Assim sendo, a acetilcolina atua em funções como:

  • Aprendizagem;
  • Memória;
  • Controle dos movimentos musculares.

Quais os efeitos de um desequilíbrio de neurotransmissores?

Desequilíbrios nos níveis de neurotransmissores podem afetar o funcionamento adequado do sistema nervoso e levar a uma ampla gama de problemas de saúde, entre eles:

  • Depressão: um desequilíbrio nos níveis de serotonina, norepinefrina e/ou dopamina pode contribuir para a depressão, fazendo com que os pacientes tenham sintomas como tristeza persistente, perda de interesse, alterações no apetite e no sono, e baixa energia;
  • Ansiedade: desregulação de neurotransmissores como GABA, serotonina e dopamina muitas vezes tem relação com o desenvolvimento de transtornos de ansiedade, levando a sintomas como preocupação excessiva, agitação, tensão muscular e dificuldade de concentração;
  • Distúrbios do sono: desequilíbrios em neurotransmissores como melatonina, serotonina e histamina afetam o ciclo do sono, causando insônia, sonolência excessiva ou problemas para manter um sono profundo e restaurador;
  • Doença de Parkinson: a perda de neurônios produtores de dopamina no cérebro pode levar à doença de Parkinson, um distúrbio neurodegenerativo que afeta a coordenação motora e causa quadro clínico com tremores, rigidez muscular, lentidão de movimentos e problemas de equilíbrio;
  • Esquizofrenia: acredita-se que um desequilíbrio nos níveis de dopamina, serotonina e glutamato esteja envolvido na esquizofrenia, um transtorno mental que pode causar alucinações, delírios, pensamento desorganizado e comportamento anormal;
  • Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): alterações nos níveis de dopamina e norepinefrina provavelmente tem relação com o TDAH, um transtorno que suscita, em diferentes graus, dificuldade de concentração, impulsividade e/ou hiperatividade;
  • Transtorno bipolar: assim como ocorre na depressão, desequilíbrios nos níveis de serotonina, dopamina e norepinefrina podem contribuir para o transtorno bipolar, que é caracterizado por ao menos 1 episódio de mania (humor elevado, energia aumentada) com ou sem depressão (humor deprimido, baixa energia).

Como os medicamentos modificam os neurotransmissores?

Os medicamentos, especialmente os antidepressivos, podem afetar os neurotransmissores de várias maneiras.

Por exemplo, os antidepressivos podem atuar aumentando a liberação, bloqueando a reabsorção ou imitando a ação dos neurotransmissores. 

Dessa forma, tal ação pode ajudar a restaurar o equilíbrio químico no cérebro e melhorar os sintomas de várias condições de saúde mental.

Como o Zenklub pode ajudar na saúde mental e na regulação dos neurotransmissores?

Manter um equilíbrio saudável de neurotransmissores é fundamental para nossa saúde mental e bem-estar geral. 

O Zenklub oferece uma plataforma completa de serviços voltados para a saúde mental, incluindo aconselhamento com profissionais qualificados e recursos de autoconhecimento e autocuidado. 

Ao lidar com questões emocionais e mentais, é possível trabalhar na regulação dos neurotransmissores e promover uma vida mais equilibrada e saudável. 

Comece hoje mesmo a cuidar da sua saúde mental com o apoio do Zenklub!

Referências

https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/neurotransmissores

https://www.khanacademy.org/science/biology/human-biology/neuron-nervous-system/a/neurotransmitters-their-receptors

https://my.clevelandclinic.org/health/articles/22513-neurotransmitters

https://www.verywellmind.com/what-is-a-neurotransmitter-2795394#toc-types-of-neurotransmitters